26/02/2024

Organizar desde já uma campanha salarial própria, independente do Piso!


    Todos os anos, a direção estadual do SINTE-RN (PT) corre atrás do governo em busca de audiências, mas sem antes convocar as assembleias dos trabalhadores em educação para discutir e organizar a campanha salarial do magistério. Essa atitude política implica mais de um problema: 1) que a direção sindical age apartada da categoria, se distanciando das necessidades mais prementes do magistério; 2) que esta direção troca o princípio da independência de classe pela colaboração de classe com o governo; 3) que novamente a campanha salarial será substituída pelo repasse do Piso.

A organização de uma campanha salarial forte e independente, que decidisse democraticamente qual seria o percentual adequado para sustentar uma família trabalhadora, seria a mais elementar obrigação de qualquer direção sindical, pois se colocaria em prática o princípio da independência de classe. Antes de suplicar a audiência com o governo, a direção estadual do SINTE deveria convocar a assembleia, o que não aconteceu. Ora, quais as demandas que a direção sindical irá apresentar ao governo se sequer houve uma decisão coletiva da categoria?

 Por que substituir a campanha salarial pelo Piso é um problema para a categoria?

A campanha salarial independente é o meio pelo qual o magistério decide democraticamente e de modo independente o percentual adequado de reajuste salarial para a sobrevivência do trabalhador em educação e de sua família.

Substituir essa rica organização pela reivindicação de repasse do Piso rebaixa a luta pela reposição salarial da categoria ao mínimo, pois o cálculo imposto da lei do Piso depende de variáveis da política burguesa (Valor-Aluno, arrecadação de impostos etc.), não refletindo em nada a realidade de sobrevivência do trabalhador. Para se ter uma ideia, houve anos em que o reajuste do Piso foi de zero por cento (2021). Este ano será mísero 3,62%, abaixo da inflação acumulada de 2023 (4,62%).

Essa substituição acaba deseducando politicamente os trabalhadores a esperarem passivamente que os governantes repassem o Piso, para só depois lutar quando o repasse é negado, mas lutar apenas... pelo Piso. Um ciclo vicioso que deixa de lado a campanha salarial própria.

Por isso, a categoria não pode aceitar que a direção do SINTE, mais uma vez, abandone a Campanha Salarial independente e, em seu lugar, restrinja-se ao repasse do Piso, ainda mais quando o Piso é fruto de uma lei que deveria ser cumprida automaticamente.

 Convocar a Assembleia Geral do magistério

Sem a Assembleia da categoria, a discussão política, as avaliações, os informes, as reivindicações e os métodos de luta não serão debatidos, experienciados e reavaliados pela categoria, comprometendo o exercício da democracia sindical dos trabalhadores. A ampla discussão e decisão sobre a campanha salarial, independente do Piso, romperá com a política de conciliação de classes e dará um grande passo rumo à independência da categoria, bem como se fortalecerá politicamente, se forem usados os métodos históricos da luta de classes.

  • Que a direção do SINTE-RN convoque imediatamente a Assembleia Geral do magistério!
  • Por uma verdadeira campanha salarial que não se limite ao Piso miserável de 3,62%!
  • Por um salário mínimo vital, que atenda às necessidades de uma família trabalhadora!

Balanço da Greve - Magistério do RN

Lições da Greve do Magistério Estadual do RN A greve do magistério mostrou mais uma vez que os trabalhadores precisam recorrer aos seus mét...