Que o sindicato convoque imediatamente a Assembleia da
categoria!
Os
educadores do município de Natal têm acumulado perdas salariais históricas,
pois o Prefeito Álvaro Dias (PSDB) vem negando os reajustes aprovados pelas
leis do piso ao longo dos anos. Em 2020, negou reajuste de 12,84%, oferecendo a
míseros 6,42% somente no ano passado, quando já deveria ter reajustado o piso
em 33,24%, o que nunca ocorreu. Neste ano de 2023 há novo reajuste de 14,95%, e
o Prefeito já indicou que não pagará um centavo, ao retirar do Orçamento
previsão para o reajuste dos professores. Faz coro com a Confederação Nacional
dos Municípios, que simplesmente orientou que os prefeitos ignorassem o
reajuste anunciado pelo MEC para este ano.
O
principal problema está na política de conciliação de classes adota pela
direção do SINTE (PT). A luta pelo pagamento do piso de 2020 estendeu-se para
2022, com dois reajustes acumulados. Nesse embate com a prefeitura, a direção
marcou várias reuniões nas quais o prefeito e a secretária não compareciam,
pois percebiam que a direção não organizava os professores pela via da ação
direta, de modo que a prefeitura se sentiu livre para fazer o que bem
entendesse contra os trabalhadores em educação. Quando os professores
finalmente se revoltaram ao entrar em greve em 2022, a direção do sindicato não
aproveitou para fazer uma luta organizada. Apenas valeu-se da força social dos
professores para desgastar eleitoralmente o prefeito. O resultado disso foi a
ofensiva do prefeito, por meio do judiciário, ao criminalizar a greve,
inclusive com ameaça de repressão policial. No entanto, a direção do SINTE
capitulou diante da ameaça de desconto pela multa da justiça burguesa, e
induziu a categoria ao encerramento da greve. Diante do recuo do movimento, o
prefeito ainda aproveitou para cortar os salários dos professores lutadores
como punição. Esse pequeno balanço é importante para demonstrar que a via da
conciliação de classes abriu espaço para o prefeito avançar na ofensiva contra
os professores, com perseguições, punições e novos ataques.
No
dia 19/01, membros da direção do SINTE (PT) foram tentar nova audiência com a
SME de Natal, mas novamente, pela enésima vez, a secretária não estava no
local, avisando por telefone que tentaria agendar uma audiência até o fim de
janeiro. Como se vê, a direção do SINTE (PT) insiste nos mesmos métodos que
levaram o movimento à derrota nas lutas dos anos anteriores. A prefeitura
aproveita-se da passividade da direção e vai enrolando o movimento. É preciso
trabalhar a confiança dos educadores, de que somente a luta coletiva, por meio
do método da ação direta, pode fazer a categoria avançar organizadamente e,
assim, impor que a prefeitura atenda as reivindicações legítimas dos
trabalhadores em educação. A Corrente Proletária na Educação (CPE)/POR trabalha
nesse sentido, para constituir uma fração revolucionária no seio da educação e
elevar a consciência dos trabalhadores da educação na luta pelos seus direitos
e para pôr abaixo o sistema capitalista podre e seus agentes. O primeiro passo é organizar uma
Assembleia Geral da categoria, para retomar o caminho da luta organizada, com
os métodos históricos da classe operária.
Mais um ataque aos trabalhadores em
educação
Agora, o ataque mais recente, além de ignorar o
novo reajuste do piso de 14,95%, foi a investida contra as férias dos
readaptados e coordenadores pedagógicos. A Secretaria Municipal de Educação
(SME), aproveitando-se da ausência de luta coletiva do movimento, retirou as
férias coletivas de 45 dias desses trabalhadores, e os induziram criminosamente
a assinarem um formulário de gozo de apenas 30 dias. Apesar da gravidade, a
direção do SINTE individualiza a luta, orientando os trabalhadores a “entrarem de
férias de acordo com o calendário escolar, mas sem assinar o formulário”. Ao
fazer essa “orientação”, a direção do sindicato desconsidera as pressões e
perseguições para os que se recusam a assinar, dada a individualização da luta.
Os trabalhadores estão revoltados, mas não encontram expressão política
de uma luta coletiva consequente, uma vez que têm na memória a política
derrotista da direção do SINTE da última greve, que prejudicou enormemente a
disposição de luta do magistério. É preciso trabalhar para a retomada da luta
organizada!