06/04/2025

Balanço da Greve - Magistério do RN

Lições da Greve do Magistério Estadual do RN

A greve do magistério mostrou mais uma vez que os trabalhadores precisam recorrer aos seus métodos próprios de luta para conquistar as suas reivindicações. Mesmo que o movimento tenha se encerrado sem garantia do retroativo, a luta fez com que o governo Fátima (PT/MDB) recuasse na sua posição inicial de não repassar o Piso na Carreira (ou seja, o reajuste para todas as faixas salariais), mas apenas para quem recebia abaixo do Piso.

A greve expôs a postura covarde do governo Fátima de se esconder por trás do Ministério Público do RN, chegando ao ponto de tentar trazer para a mesa de negociação este órgão que, nos últimos anos, tem se dedicado a atacar os direitos do magistério estadual. Mesmo com a decisão favorável do Ministro Fachin, o governo continuou resistindo a atender a modesta reivindicação da categoria, alegando a questão financeira (falta de verbas). Toda essa subserviência do governo ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça e às leis de austeridade fiscal só revela o caráter burguês do governo Fátima (PT/MDB), que se elegeu sobre os ombros da oligarquia Alves, estando com as mãos amarradas com as oligarquias para governar a serviço da burguesia do estado.

A unidade entre efetivos e temporários foi fundamental para incluir a pauta do pagamento do 13º e terço de férias, assim como para defender o direito de greve dos temporários diante das investidas arbitrárias da SEEC e das Direcs. A garantia do pagamento, mesmo que a uma data distante (10 de julho), foi resultado da pressão da greve e dessa unidade entre efetivos e temporários, que deve ser fortalecida ainda mais, em torno da luta pela garantia dos seus direitos e pela bandeira estratégica de garantia de emprego efetivo a todos os professores desempregados e subempregados (temporários), e efetivação imediata dos já contratados. No próximo Congresso do Sinte-RN, é preciso também alterar o estatuto para romper a barreira que exclui os professores temporários da base de filiação do Sinte-RN.

A greve não teve como expressar todo o seu potencial, em virtude de a direção do Sinte-RN (PT), governista e conciliadora, ter servido como um freio para a luta. Diferentemente de outros anos, em que a greve era aprovada antes de iniciar o ano letivo, a primeira assembleia do ano de 2025 só foi ocorrer quando o calendário escolar já tinha iniciado. Mesmo assim, a direção tentou adiar ao máximo o início da greve. Na Assembleia do dia 25/02, de deflagração da greve, manobrou para tentar aprovar já no início da greve uma contraproposta, que só não foi possível graças aos protestos da base com os gritos de “Não passou!” e “vota de novo!”. Ao longo do mês de março, passou a desmobilizar a greve, sem passar nas escolas, e enfatizando sempre que havia uma suposta baixa adesão, que as escolas estariam voltando a funcionar, para justificar a categoria ceder às pressões do governo e encerrar a greve.

A eleição da Comissão de Base, de 4 membros, para acompanhar as negociações foi um ganho para a categoria, que passou a ter um instrumento direto de pressão sobre o governo nas mesas de negociação na defesa do repasse integral do Piso, do pagamento dos retroativos e do 13º e terço de férias dos temporários.

A unidade da oposição desempenhou um papel importante nas Assembleias e na Comissão de Base, cujos membros eram em sua maioria, pertencentes ao campo da oposição. Na última Assembleia de greve (31/03), a oposição se unificou na defesa da manutenção da greve, para que o governo cumprisse com os retroativos, o que provocou um tensionamento na assembleia. Embora a votação foi, em maioria, pelo fim da greve, as propostas de continuidade da greve obteve uma significativa quantidade de votos, mostrando que um setor da categoria estava disposto a conquistar o retroativo na greve.

A permanência da direção conciliadora do Sinte-RN como um freio da luta da categoria coloca a necessidade da construção de uma nova direção, classista e combativa, que expresse as tendências de luta da categoria, com independência de classe diante dos governos. A Corrente Proletária na Educação faz um chamado à vanguarda combativa a fortalecer uma fração revolucionária entre os trabalhadores em educação, que expresse as tendências de luta dos trabalhadores em educação e combata as manobras desmobilizadoras da direção do Sinte-RN (PT).

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